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Sonhos Roubados

"Sonhos roubados" é sem sombra de dúvida A obra de Sandra Werneck, diretora do ótimo "Amores possíveis", que foi pioneiro ao retratar a homossexualidade no retorno do novo cinema, que se deu nos anos 90 com "Carlota Joaquina", esse de outra diretora, Carla Camurati.

E que sonhos são esses que são roubados? Na sociedade em que vivemos eles são vários: um bom emprego, uma família estabilizada, um parceiro legal, um MP3, uma calça da marca "Gang", isso sob a perspectiva das personagens do filme em questão. São elas: Jéssica (Nanda Costa em uma ótima interpretação e que a Globo não perdeu tempo e a colocou na novela "viver a vida", ela também foi premiada como melhor atriz no festival do rio), Daiane (Amanda Diniz) e Sabrina (Kika Farias).

Cada uma delas representa milhares de jovens meninas do Brasil, seja no Rio de Janeiro, onde a história é retratada, ou em qualquer lugar do nosso país, mas a questão é principalmente nas grandes capitais, onde extrema pobreza e riqueza convivem juntas. E nesse mundo tão contraditório emergido numa realidade que é pura publicidade, os sonhos e desejos acabam por romper as classes sociais e atingir a todos. A questão é: quem pode vivenciá-los?

Jéssica tem uma filha com um ex-namorado que é de família evangélica e não aceita que a criança fique com ela, pois ela se prostitui; Sabrina se envolve com um traficante e acaba por engravidar dele e tem de se virar sozinha e Daiane é constantemente abusada pelo tio. As três têm sonhos materiais, mas o dinheiro está sempre longe. Acabam por se prostituir, mas aqui elas não estão, ou se colocam como vitimas. Vender o corpo é apenas um bico.

Falar mais do filme perde a graça. Sem pesar a mão a diretora Sandra Werneck realizou uma grande obra do cinema brasileiro e que estava até pouco tempo sem distribuidora. Em uma mesma obra a diretora conseguiu retratar a questão da gravidez precoce, os abusos sexuais domiciliares, a falta de oportunidades para quem está à margem do "asfalto" e a questão da família enquanto centro organizador.

Antes de partir é preciso falar de duas participações. Uma delas é do rapper MV Bill, que encarna um presidiário que terá função central na historia de uma das personagens. E Marieta Severo, que interpreta a cabeleireira Dolores. Marieta mostra o que é ser uma grande atriz e arraza em sua rápida participação. 

Acesse o site do filme aqui.

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