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Travestis do Jockey Club acusam PMs de vestir clientes como mulher e fotografá-los

avestis que se prostituem próximo ao Jockey Club, na Zona Sul de São Paulo, acusam policiais militares armados, que fazem bico de segurança particular para moradores das mansões da região, de obrigar os clientes delas a se vestir como mulher e fotografá-los. Duas fotos de um homem, apontado pelas travestis como o caminhoneiro que costuma fazer programas com elas no bairro nobre Cidade Jardim, circulam no WhatsApp. Nelas, ele aparece usando peruca, minissaia, sandálias e tem pintadas as unhas das mãos e dos pés. Ao lado, está um caminhão estacionado, com a porta aberta. Paredão Segundo as travestis disseram à reportagem, essas imagens foram feitas por policiais à paisana na noite do dia 5 deste mês em frente a um muro, conhecido como ‘paredão’, na Rua São Cassiano, onde há imóveis de alto padrão. Elas contam que os agentes da Polícia Militar (PM) ameaçam os clientes de divulgar as fotos nas redes sociais se eles continuarem indo ao local, onde em busca de programas sexuais. “Você não sabe o que aconteceu ontem [quinta-feira]”, disse uma travesti, que aceitou falar sob a condição de não ter nome e rostos mostrados. “Agora eles [policiais] estão dando de pegar os clientes, de vestir os clientes de mulher, e aí ficar tirando foto”. As travestis disseram que os PMs que fazem bico irregular de segurança estão recebendo até R$ 5 mil mensais para acabar com a prostituição na área, nem que para isso tenham de usar a violência. Bomba A divulgação das fotografias do suposto cliente vestido de mulher começou dois dias depois de o G1 revelar que a Polícia Civil investiga agentes da Polícia Militar (PM) suspeitos de jogar bomba, atirar, agredir e ameaçar matar as travestis que recebem dinheiro em troca de sexo no Cidade Jardim, bairro nobre da área. As vítimas chegaram a gravar parte das agressões. A Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi) já investiga a denúncia de 24 travestis de que, desde junho, oito PMs vêm batendo nelas com socos, chutes e armas. Também contaram que policiais atiram balas de borracha nas costas e nádegas delas, chegando até a jogar bombas de efeito moral para expulsá-las da Avenida Lineu de Paula Machado, Rua Sarabatana e Praça Professor Cardim, onde trabalham há décadas. Vale lembrar que, pela lei, se prostituir não é crime. Quem procura uma profissional do sexo também não está cometendo crime. O que a lei não permite é que as relações sexuais ocorram em lugares públicos, que as pessoas fiquem nuas nas vias e consumam drogas. Bicos A Decradi já havia instaurado inquérito criminal para investigar crimes de lesão corporal, ameaça e injúria que teriam sido cometidos pelos policiais contra as travestis. A Corregedoria da Polícia Militar (PM) também apura o caso, mas na esfera administrativa porque agentes da corporação são proibidos de fazer ‘bicos’ não oficiais, mesmo durante as suas folgas. A denúncia com as fotos que mostram o suposto cliente sendo obrigado pelos PMs a se vestir de mulher ainda não é apurada pela Decradi. O Centro de Cidadania LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transexuais e Travestis) da Prefeitura, que fica no Largo do Arouche, Centro da capital, receberia as imagens para depois encaminhar a nova queixa à delegacia. O órgão já presta assessoramento jurídico às travestis, segundo o advogado Ricardo Dias. Programas O G1 esteve no mesmo local onde foram feitas as imagens do homem vestido com roupas de mulher: o paredão da Rua São Cassiano. Nas fotos comparativas feitas pela reportagem, ainda estavam no lugar uma planta e uma mancha na sarjeta, além de um saco plástico na calçada. Sob a condição de anonimato, o funcionário de uma das mansões falou ao G1 que os policiais expulsam travestis e clientes que transam dentro dos veículos, mas não soube dizer se os agentes são violentos. “O PM sem farda está fazendo a segurança. Aí tá combatendo mais, né?! Eles estão até fazendo segurança do pessoal das casas também”, disse o empregado. “Eles [motoristas] param para ver os [as] travestis, fazer safadeza dentro do carro. Fazem programa aqui na rua”. A reportagem também encontrou na rua embalagens de preservativos e até camisinhas usadas, que segundo um jardineiro são compartilhados por travestis e clientes. Ele também disse que há descarte de urina em garrafas plásticas e consumo de drogas ali. Em seguida, pegou vários pinos de plástico que foram jogados no jardim de uma mansão. “Colocam cocaína aqui dentro”, disse Procurado pelo G1, um dos policiais que fazem segurança no bairro negou que ele e outros PMs obriguem clientes das travestis a se vestir de mulher e ainda o fotografem. “Eu acho muito difícil alguém ser ameaçado a ponto de se vestir de travesti”, falou o vigilante. “Isso é uma acusação muito grave, que acredito que não tem procedência.” O segurança ainda se defendeu das acusações de que ele e seus colegas soltem bombas nas travestis. “Sobre isso aí eu tô vendo muitas coisas forjadas, que é fácil jogar uma bomba na rua e fazer uma filmagem e falar que é o fulano de tal que tá jogando, ou é o segurança. é fácil fazer.” Segundo o policial, a segurança orienta as travestis a não ficarem dentro do bairro, e irem para as avenidas para não atrapalharem o serviço de segurança das casas que eles fazem para evitar roubos. “Agora, infelizmente, as travestis gostam de ficar nas esquinas fazendo ponto próximo as residências, local onde nós temos que ficar. Estamos ficando um do lado do outro, atrapalhando a clientela delas, causa um desconforto. Por isso causou toda essa desarmonia, e essas denúncias contra a gente”. Mesmo irregular, o policial justificou que faz bico para poder complementar a renda e sustentar a família. “Governo não te dá apoio, não te dá aumento e todo mundo tem suas contas. Policial não é uma pessoa normal que pode morar na periferia ou naquele fundão”. A Sociedade Amigos Cidade Jardim, que representa os moradores do bairro, havia informado que não paga os seguranças particulares. Informou, porém, que é contra a prostituição no bairro por entender que ela traz consigo o aumento da criminalidade na região. Diante disso, a entidade estuda outras estratégias, legais e pacíficas, segundo ele, para retirar as travestis e prostitutas de lá. Reportagem produzida por Kleber Tomaz e originalmente publicada no portal G1

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