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Turismo colorido

Entre as minhas variadas facetas está a de ter ajudado a criar e agora estar oferecendo, juntamente com Franco Reinaudo, o atual presidente da Associação Brasileira de Turismo GLS – ABRAT GLS, um treinamento para que os profissionais de turismo recebam bem os viajantes gays e lésbicas.

O treinamento faz parte do projeto “Brasil destino diversidade”, um convênio entre a ABRAT GLS e o Ministério do Turismo que inicialmente vai incluir cursos de capacitação em três destinos turísticos. O primeiro aconteceu nos dias 30 e 31 de julho na cidade de Florianópolis.

Tive duas grandes surpresas nessa experiência. A primeira foi que houve um grande número de interessados, tendo as inscrições se esgotado apenas dois dias depois de abertas. Os cursos foram planejados para 90 participantes, mas a procura foi tão grande que 150 acabaram assistindo às palestras e mais de 40 pessoas ficaram em lista de espera.

Até mesmo o treinamento que aconteceu numa pousada na praia do Campeche, a vinte quilômetros do centro e durante uma tarde fria e chuvosa, ficou lotado! O pessoal de lá é muito mais disposto que nós paulistanos em dia de chuva…

Minha segunda surpresa foi que, de camareiras a donos de hotéis, o público de profissionais que nos ouviu não só demonstrou bastante abertura para as novas informações que levamos como grande preocupação em receber de maneira natural e hospitaleira aos gays e lésbicas que já detectam como clientes.

Dava para notar, pelo menos entre aqueles ali presentes, que os profissionais do trade turístico estão se esforçando para realmente receber bem, para de verdade entender de que forma agradar os turistas homossexuais.

As perguntas foram muito práticas, como por exemplo de que forma mencionar a opção de cama de casal a dois homens ou duas mulheres sem constrangê-los, e como obter listas de locais GLS para indicar aos hóspedes.

Foi muito bom sentir que os catarinenses parecem estar deixando de lado os históricos preconceitos que nossa cultura ensina a todos e se preocupando muito mais em oferecer bons serviços turísticos, em lidar com gays e lésbicas de maneira respeitosa e aberta.

Deram a impressão ainda de ter este objetivo não apenas porque o segmento GLS mostra o potencial de lucros, mas pelo orgulho de trabalhar de maneira correta. De vez em quando o Brasil surpreende com boas notícias, e os dias desse treinamento em Santa Catarina foram uma dessas ocasiões para mim.

Não é à toa que Florianópolis foi escolhida para sediar o próximo simpósio da IGLTA, a International Gay and Lesbian Travel Association, em março de 2009. A cidade terá então a oportunidade de demonstrar aos integrantes dessa que é a maior associação de turismo do segmento GLS sua disposição em agradar aos visitantes gays e lésbicas.

E quem sabe ensinar pelo exemplo aos outros destinos brasileiros com potencial de atrair turistas GLS como é que profissionais brasileiros podem se comportar de maneira hospitaleira e sem preconceito como nos países mais adiantados do mundo.

* Laura Bacellar é escritora e editora de livros, atualmente responsável pela primeira editora lésbica do Brasil, a Editora Malagueta.

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