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Frei Caneca: shopping, botecos, sauna gay e sex clubs em apenas uma rua

PRÓXIMA PARADA: METRÔ CONSOLAÇÃO
DESTINO: FREI CANECA

Botecos, restaurantes, shopping, baladas, narcóticos anônimos, porão, sauna gay e sex clubs. Tudo isso em apenas uma rua.

Ao lado da rua Augusta, a Frei Caneca é famosa por obter opções de lazer para públicos completamente diferentes. A começar pelo shopping, com o nome da rua, que abriga desde eventos como desfiles e festas de lançamento de longametragens, no espaço de convenções, até ao famoso episódio do beijaço em 2003, quando houve o protesto à expulsão de um casal gay que se beijava no estabelecimento.
 
Se quiser fugir da superlotação da Augusta, mas conhecer um pessoal descolado, a Frei Caneca é uma ótima pedida. Para esquentar, é possível encontrar bares para todos os gostos, dos botecos aos mais requintados. As baladas estão a cada esquina e pode-se selecionar uma para cada vontade ou ânimo.
 
A jornalista Vanessa Ribeiro, 26 anos, indica o bar "O Gato", nº 462, para quem curte a noite, mas sem agitações muito radicais. "É um lugar tranqüilo e ótimo para paquerar ou levar a companheira", afirma a garota. Vanessa comenta que o cardápio é agradável e a decoração muito parecida com as dos PUBs londrinos.
 
Já a cabeleireira Thais Regina, 23 anos, gosta de jogar sinuca na travessa da Peixoto Gomides ao lado do bar "Flyer", nº 67. Ela aproveita para tomar cerveja e paquerar. Essa rua é esquina com o Clube A Loca, nº 916, conhecido há 12 anos como espaço alternativo de São Paulo. Thais conta que, apesar do som da balada não bater com seu gosto pessoal, o local é um ambiente no qual se sente à vontade e se joga sem medo de ser feliz.
 
Para a bartender Decka Barcellos, 29 anos, o melhor local é o Bar do Alemão, próximo ao cursinho Etapa. "Sempre tem cerveja gelada, mesa na calça-da e gente para trocar idéia", diz. Época difícil para ela foram os 6 meses em que freqüentou os Narcóticos Anônimos, perto do bar. "Passava em frente todas as quintasfeiras, mas só cumprimentava as pessoas e descia para a reunião", conta.
 
A casa dos Narcóticos Anônimos na Frei Caneca é uma prova de fogo. Com tantos bares, casas noturnas e conhecidos na região, a pessoa precisa estar bem decidida quanto a uma reabilitação. "Saía das reuniões e dava de cara com A Loca. Muitas vezes eu encontrava amigos indo para a balada enquanto estava na hora do intervalo com os colegas", descreve Decka.
 
Um lugar que a bartender sente saudades é o Juke Joint, também conhecido como Subjazz, nº 304. "Era um espaço democrático, pois tinha festa das dykes, baladas anos 80, bandas punks e até noites de ska". Para atender a demanda das garotas menores de idade, festivais feministas eram marcados nas tardes de sábados ou domingos.
 
Os mais questionadores encontram lugar na Dona Antonio de Queiroz nº 40, também travessa da Frei Caneca, no Espaço Impróprio. Lá é possível curtir shows punks, feministas, palestras e oficinas. Existe desde 2002 como um centro anti-cultural e autônomo. O local também abriga uma lanchonete vegan e um estúdio musical.
 
E para quem gosta de lugares inusitados, está o Lapeju, nº 892, situado em um porão. O ambiente é intimista, possui uma pequena pista, espaço para mesas e comporta diversos pufes. O som é bastante diversificado e passa por samba-rock, black music e funk. O nome do lugar vem da inicial dos sócios – Pedro Paulo e Julio César. A casa abre de quarta a domingo, a partir das 23h.
 
Aqueles que se identificam com uma jogação no vapor, vão gostar da sauna Labirintus Club. Com mais de 10 anos de existência, o público varia entre o casado que escapa do trabalho no final da tarde, até aos baladeiros que vão esperar o dia amanhecer. A casa funciona 24 horas e possui serviço de piscina com hidro, academia, sex shop, sauna seca e a vapor, entre outros.
 
E chegamos ao ápice da matéria para os amantes de Sex Club. Na rua Dr. Penaforte Mendes, nº 259, está o Gladiators Club. Voltado para o público gay masculino, foi inaugurado em 2004 e proporciona a realização de fetiches, orgias e sexo grupal. Ao entrar, a casa oferece chave para armário no vestiário e sinta-se à vontade para andar peladão nos ambientes. Se precisar de um banho, cobrado à parte, basta solicitar uma toalha no bar.

Gay Caneca?
As últimas notícias que se tem sobre a posição da Frei Caneca ser transformada em rua gay pela Associação Casarão Brasil é que ela pode ficar conhecida como ‘rua do Respeito à Diversidade’. Após as críticas de segregacionismo dos moradores, essa foi uma escolha neutra.
 
A explicação da Sociedade dos Amigos e Moradores do bairro Cerqueira César (Samorcc) contra o termo é baseada na idéia de que as ruas são públicas e que não querem criar um gueto.
 
O projeto prevê o alargamento das calçadas, mudança na iluminação, espaço para cafés, bares e calçadas temáticas. Vale lembrar que boa parte das cidades do mundo possuem ruas ou bairros gays, como Chueca, em Madri, e Chelsea, em Nova York.

* Matéria publicada originalmente na edição #17 da revista A Capa – Outubro 2008

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