O assunto é pouquíssimo comentado no Brasil. Aliás, no mundo inteiro. Há uma “cultura” gay que implica alguns mandamentos, como vestir roupas da moda de estilistas famosos e ter um corpo bombado. No entanto, os integrantes da comunidade homossexual parecem não se dar conta de que todas essas coisas efêmeras um dia acabam e depois, resta o quê?
Matéria publicada no jornal americano The New York Times fala sobre gays idosos que vivem em asilos e das dificuldades e preconceitos que a classe tem que enfrentar quando chega à terceira idade.
A reportagem dos jornalistas Jane Gross e Dan Frosch mostra a dura realidade de quem tem de voltar para o armário, ou continuar nele, como é o caso de Gloria Donadello, de 81 anos. Sentada com pessoas que considerava amigas pediu para que não fizessem certos tipos de piadinhas. "Pessoas que riam e faziam certos tipos de comentários, eu lhes disse: ‘Por favor, não façam isto, porque sou gay’".
O resultado de sua franqueza custou caro, foi rápido e impiedoso. "Todos olharam horrorizados", ela disse. Excluídas das conversas e não bem-vinda às refeições, ela caiu na depressão. Medicamentos não ajudavam. Com sua saúde emocional em deterioração, Gloria se mudou para uma comunidade adulta que atende gays e lésbicas.
"Eu me sentia como uma pária", disse Gloria. "Para mim, foi uma escolha entre vida ou morte".
A situação de Gloria não é incomum. A matéria cita exemplos ainda de pessoas que foram transferidas de seus quartos para outros. A dra. Melinda Lantz, chefe de psiquiatria geriátrica do Beth Israel Medical Center, em Nova York, diz que "quando você se vê sem opção e precisa transferir uma pessoa por estar sendo atacada, você acaba a colocando junto com pessoas que estão bastante confusas", disse Lantz. "Esta é uma realidade básica terrível".
Há casos ainda mais trágicos. Um senhor de 79 anos assumidamente gay, sem família ou amigos, chegou a se enforcar em um asilo da Costa Leste estadunidense, após ter sido transferido de seu andar para acalmar os protestos de outros moradores e seus familiares.
A situação tem alarmado uma geração mais nova de gays e lésbicas. Preocupados com seus próprios futuros, deram início a um esforço nacional para educar os provedores de atendimento sobre o isolamento social, até mesmo sobre a discriminação aberta, que clientes lésbicas, gays, bissexuais e transexuais enfrentam.
Em Boston, Nova York, Chicago, Atlanta e outros centros urbanos, estão surgindo os chamados LGBT Aging Projects (projetos de idosos lésbicas, gays, bissexuais e transexuais), para treinamento de provedores de atendimento de longo prazo. Também há gerentes assumidamente gays de casos geriátricos que podem guiar os clientes a serviços compassivos.
Há solução. Bruce Steiner, 76 anos, é casado com Jim Anthony. O parceiro de 71 anos sofre de mal de Alzheimer há mais de uma década e não consegue mais se alimentar sozinho e nem falar. Bruce tem resistido a colocar Anthony em um asilo, apesar das várias hospitalizações no último ano. “O atendimento foi irregular”, disse Steiner, que não sabe se a homossexualidade foi um fator. Ele decidiu não se arriscar e contratou um gerente de caso gay que o ajudou a realizar uma "seleção".
Eles escolheram uma agência de atendimento domiciliar com reputação de tratar bem clientes gays. Na preparação para um futuro desconhecido, Steiner também visitou vários asilos, "lhes dando a oportunidade de me encorajarem ou desencorajarem". Seu favorito "é um dirigido pelas irmãs carmelitas, acima de tudo por terem senso de humor".
Mas a reportagem é pontual ao dizer: “Elas são a exceção, não a regra”.