Um grupo anglicano lançou um guia que defende que a Bíblia apoia a identidade de gênero trans, afirmando que “nem todos na Bíblia são cisgêneros” e que a Escritura “afirma pessoas trans, intersexuais e queer”. O material, hospedado no site LGBT Faith UK, sugere que a Bíblia inclui “alguns personagens claramente queer” e destaca eunucos e mulheres que desempenham papéis tradicionalmente masculinos como exemplos.
O documento intitulado “A Bíblia afirma pessoas trans, intersexuais e queer” começa com a afirmação de que “não todos na Bíblia são cisgêneros”, ressaltando que nem todos são biologicamente ou anatomicamente homens ou mulheres. Os eunucos são mencionados como “ancestrais bíblicos” de indivíduos trans, enfatizando seu papel nas Escrituras. Um exemplo destacado é o relato em Atos 8, onde um anjo direciona o evangelista Filipe a encontrar um eunuco etíope que estava lendo a Bíblia. Filipe compartilha a mensagem cristã e batiza o eunuco, o que é interpretado como evidência de que ele foi aceito como “um membro pleno [da Igreja] sem precisar ser totalmente homem ou totalmente mulher”.
O guia também faz referência à interação de Jesus com a mulher samaritana no Evangelho de João, sugerindo que sua história pode indicar que ela poderia ser “intersex” e que Cristo afirma sua identidade. Além disso, menciona a juíza Débora, que liderou os israelitas em batalha, como um exemplo de quebra de normas de gênero tradicionais.
Embora o guia seja uma expressão pessoal da autora Ann Reddecliffe e não represente a posição oficial da Igreja da Inglaterra, ele é apoiado pelo grupo LGBT Faith UK, que faz parte da campanha Changing Attitude, que luta por “inclusão radical” dentro da Igreja Anglicana. O grupo busca transformar a cultura “patriarcal, heteronormativa e privilegiada” da Igreja em uma que abrace incondicionalmente pessoas LGBTQIA+.
A discussão sobre identidade de gênero e inclusão na Igreja da Inglaterra é complexa e tem gerado debates acalorados, especialmente após a recente posição do Arcebispo de Cantuária, Justin Welby, que afirmou que a intimidade sexual é moralmente aceitável em relacionamentos “estáveis, comprometidos e fiéis”, independentemente do gênero. Essa declaração provocou reações negativas de grupos evangélicos que acusaram Welby de ignorar a doutrina tradicional da Igreja. A questão da inclusão de pessoas LGBTQIA+ na Igreja continua a ser um tema relevante e controverso em um mundo que busca mais aceitação e compreensão das diversidades de gênero e sexualidade.
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