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Heteronormativade, homossexualismo e outras coisas mais

Tava cheio de idéias pra atualizar o blog com posts novos, mas desânimo bateu de uma hora pra outra e pra não ficar uma coisa chata e séria demais resolvi condensar um pouco das questões que andam me atormentando nos últimos tempos.

Já há algum tempinho Marcelo fez uma matéria falando sobre a nova postura da Folha em usar "homossexualismo" ao invés de homossexualidade. Tá, vamos lá. Homossexualismo remete a doença e tudo mais. Tudo bem o argumente de que o uso da palavra justifica-se quando falamos na prática do que é homossexual. Mas parece preguiça, birra até, usar esse termo. Principalmente se há um outro correto e mais adequado. Bola fora.

Alguns leitores disseram que temos que nos preocupar com outras coisas ao invés dessa bobagem do "ismo" x "dade". Oras. Se lutamos por igualdade e respeito não acho que brigar por isso, ou discutir o tema, seja uma questão que mereça menor preocupação. Nunca vi ninguém falando do "heterossexualismo" de alguém. Logo, se usam heterossexualidade, podem muito bem usar homossexualidade. É mais bonito, educado e mostra informação. Parece que homossexualismo e opção sexual é coisa de gente preguiçosa, que parou no tempo, não lê, não estuda…

Aí tem também a heteronormatividade, que se dá de uma forma tão disfarçada que as vezes a gente nem percebe. Um exemplo: um comercial de biscoito lançou recentemente a sua versão sabor queijo. O biscoito é representado por um guri lindo. O queijo também. Até então a união dos dois poderia ter uma viés meio que homoerótico. Mas a liga dos dois elementos se dá por meio de uma guria que aparece quase no finzinho do comercial, dentro de um carro. Cada um dos meninos de um lado da mocinha. E depois tanto o biscoito como o queijo aparecem numa festinha rodeados de meninas que se esfregam neles. Ta dá.

Outro exemplo de heteronormatividade é o novo comercial de uma balinha. O garoto se divide em vários para "aproveitar todas as oportunidades" que a vida oferece. De repente eis que aparecem duas gurias juntas. O rapaz entra no meio das duas e dá a bala na boca delas. Se a cena fosse com três homens, os gays seriam logo taxados de promíscuos. Como é um homem, branco, heterossexual com duas gurias igualmente brancas e aparentemente heterossexuais, é "normal". Capaz de vir alguém dizer que eu to vendo pelo em ovo, mas isso só provaria o quão heteronormatizadora é a nossa sociedade que faz a gente engolir esses exemplos de machismo e aceitar numa boa.

E é isso.

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