Em uma recente e preocupante decisão, a Hungria aprovou uma emenda constitucional que proíbe eventos públicos voltados para a comunidade LGBTQ+, uma medida que reflete a crescente repressão aos direitos humanos no país. A nova legislação, aprovada em 12 de abril de 2025, permite que as autoridades utilizem tecnologia de reconhecimento facial para identificar participantes de eventos considerados proibidos, como as paradas do Orgulho. Essa lei é uma extensão da chamada ‘lei de proteção infantil’, que restringe a discussão sobre a homossexualidade e a identidade de gênero em ambientes acessíveis a menores, uma medida que já havia sido implementada em 2021.
A votação, que ocorreu no Parlamento húngaro com um resultado de 140 a 21, foi marcada por um clima de tensão, onde a maioria conservadora, liderada pelo partido Fidesz, impôs sua visão sobre a identidade de gênero, afirmando que existem apenas “dois sexos”, desconsiderando o consenso científico que reconhece a diversidade de identidades de gênero. Essa emenda se alinha com políticas repressivas observadas em outros países, como a Rússia, que também implementou leis que restringem a liberdade de expressão e a promoção dos direitos LGBTQ+.
Em resposta a essa nova lei, milhares de húngaros se reuniram em Budapeste no dia 12 de abril, vestidos de cinza em um protesto irônico organizado pelo partido anti-establishment conhecido como Dois Cães com Cauda. Os manifestantes carregavam cartazes que diziam “A homogeneidade é na moda” e “Censura”. Um dos participantes, Tamas Olajos, ressaltou que “o humor expõe o absurdo” e que a manifestação era uma forma de responder a um regime que se leva muito a sério. Outra participante, a engenheira Kata Bicskei, destacou a ironia do movimento: “Olhe para todas essas pessoas aqui, vestidas de cinza – uma perfeita representação do que a homogeneidade parece. Esse é o truque, é claro. Não queremos que todos sejam iguais.”
A ONU e o seu chefe de direitos humanos, Volker Türk, expressaram preocupação com essa nova legislação, pedindo à Hungria que revogue a lei e outras que discriminam indivíduos LGBTQ+. A declaração da ONU enfatiza a necessidade de combater a alta intolerância e discriminação enfrentadas pela comunidade LGBTQ+, especialmente as crianças, de acordo com as obrigações internacionais de direitos humanos da Hungria.
Este movimento contra a comunidade LGBTQ+ na Hungria não é um caso isolado, mas sim parte de uma tendência global que busca silenciar vozes e restringir os direitos da população LGBTQ+. A luta pela igualdade e pelos direitos humanos deve continuar, e a resistência da comunidade é fundamental para enfrentar essas políticas opressivas.