A Hungria tornou-se o primeiro país da União Europeia a aprovar uma lei que proíbe a realização de marchas do orgulho LGBT, em uma ação que gerou grande controvérsia e reações fortes, tanto dentro quanto fora do país. A emenda, que foi aprovada pelo parlamento sob a liderança do primeiro-ministro Viktor Orbán, é justificada pelo governo como uma medida de “proteção às crianças”. Máté Kocsis, líder do grupo parlamentar Fidesz, afirmou que as marchas do orgulho e seus desdobramentos nas redes sociais representam um problema para os jovens, refletindo uma preocupação com o conteúdo que as crianças podem acessar.
Organizações e ativistas LGBT reagiram de forma contundente à nova legislação. O grupo Budapeste Pride, que organiza a principal marcha do orgulho no país, denunciou a decisão como um retrocesso autoritário, afirmando que essas medidas não visam a proteção infantil, mas sim a repressão de direitos fundamentais. O grupo descreveu a ação como uma forma de fascismo, ressaltando que a liberdade de expressão e o direito de se reunir são pilares democráticos que estão sendo ameaçados.
Viktor Orbán, em sua defesa da nova lei, fez uso das redes sociais para comunicar sua posição, afirmando que a prioridade deve ser a proteção das crianças e que a “ideologia woke” coloca os jovens em risco. No entanto, essa justificativa não convenceu a maioria da população. Pesquisas recentes indicam que apenas 36% dos eleitores apoiam a proibição, enquanto 56% desejam que as marchas do orgulho continuem a ser permitidas. Em Budapeste, essa oposição é ainda mais evidente, com 78% dos residentes defendendo a realização do evento.
O prefeito de Budapeste, Gergely Karácsony, se comprometeu a resistir à nova lei, afirmando que a marcha do orgulho ocorrerá em junho deste ano, podendo ser a maior já realizada. Ele criticou a estratégia do governo de desviar a atenção dos problemas reais enfrentados pelo país, destacando que a luta pela igualdade e pelos direitos LGBT continua firme na capital húngara.
A primeira marcha do orgulho da Hungria ocorreu em 1997, após a queda do regime socialista, e agora, quase três décadas depois, o país se torna um exemplo negativo dentro da União Europeia ao implementar uma legislação que cerceia os direitos da comunidade LGBT. A proibição levanta questões sérias sobre o futuro dos direitos humanos no país e sobre o papel da Hungria no contexto europeu, onde a proteção dos direitos LGBT é uma questão cada vez mais debatida.
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