No último domingo (30), o Brasil descobriu pela primeira vez quem é a transexual mais bonita do país em 2014: Valesca Domink Ferraz. Mas muita gente – inclusive ex-candidatas – criticaram a escolha, a credibilidade e atacaram dizendo ser uma fraude.
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Segundo os comentários, Valesca foi escolhida antecipadamente pela organizadora Majorie Marchi e inclusive usou o vestido de outra miss, que esteve no Miss International Queen.
Para a organizadora, as críticas são infundadas e tudo não passa de uma rejeição de cunho racista. Valesca é a primeira mulher trans negra a ficar entre as finalistas e vencer o concurso – e a segunda brasileira negra a representar o Brasil no Miss International Queen, na Tailândia, o equivalente ao Miss Universo das mulheres cis.
"Me orgulho que o Miss T Brasil não elenque padrão e estou feliz de ter uma jovem trans negra e de comunidade pobre como miss. Quando abri o envelope e vi o resultado, já tive um vislumbre da rejeição que teriam ao ver o maior título da beleza trans no Brasil com uma negra moradora da favela", conta ela, que pode levar o caso à Justiça.
Majorie diz que nos concursos de beleza em geral as pessoas ainda não estão acostumadas a verem mulheres negras como protagonistas. "O Brasil ainda tem uma cultura racista, principalmente no que tange os concursos de beleza. Passei por isso quando anunciei que a Jéssica Simões iria (ao Miss International Queen, em 2012) foram os mesmos ataques e acusações", declara.
O VESTIDO
Ao comentar sobre o empréstimo do vestido, a organizadora explica que os vestidos do Miss International Queen são de propriedade das candidatas e que, no caso, Rafaela Manfrini alugou o vestido para Valesca. "Todas as misses costumam alugar os vestidos para outras misses, até para recuperar parte do investimento que foi feito. Além disso, a Rafaela é profissional de beleza e maquiou uma das candidatas, que não ficou no top 5. Não entendo o questionamento".
O MISS INTERNACIONAL
Enquanto isso, começa a preparação para Valesca e Gisela Andrade (segundo lugar do Miss T 2013) para o Miss International Queen 2015. "A segunda indicação é técnica, olhando as meninas que participaram ao Miss T e que têm potencial para o internacional, além de ter qualidade que valorizamos. Miss que sai chorando ou dando ataque nunca deveria usar a faixa mesmo".
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Para Majorie, depois da vitória de Marcela Ohio em 2013, a visibilidade para o concurso aumentou. "Marcela e Raika (Ferraz, Miss T 2013) representaram bem o Brasil na Tailândia e foram elogiadas pela beleza e educação. Hoje, somos mais cobradas, mas temos duas opções fantásticas que serão moldadas ao que pede o MIQ e acredito, sim, que o Brasil volte ao top 3 e dispute a coroa. Nunca fomos a passeio".
Diante das confusões virtuais, Valesca parece não se incomodar. Em um post, disse apenas: "Sim, sonho em andamento. Vou representar o Brasil na Tailândia. Sou negra. Sou cria da comunidade. Sou Valesca. Da favela para o mundo".