Vereador propõe restrição a símbolos religiosos em manifestações LGBTQIA+ gerando debate sobre liberdade e respeito
Em Curitiba, um projeto de lei que está em análise na Câmara Municipal tem causado uma intensa discussão sobre a relação entre símbolos cristãos e eventos da comunidade LGBTQIA+. O vereador Eder Borges (PL) protocolou a proposta que visa proibir a exibição de cruzes, imagens de santos e outras referências bíblicas em manifestações e encontros organizados pela população LGBT no município.
O que diz o projeto
O texto, registrado sob o número 005.00079.2024, argumenta que a utilização desses símbolos em eventos LGBTQIA+ pode configurar “vilipêndio religioso” e causar desrespeito à fé cristã, já que, segundo o autor, a comunidade LGBT não segue a religião cristã. Com base no artigo 208 do Código Penal, que trata do desrespeito a objetos de culto, o vereador defende a necessidade de resguardar os valores religiosos e evitar conflitos.
Se aprovado, o projeto impedirá o uso de símbolos cristãos tanto em espaços públicos quanto privados durante eventos da comunidade LGBTQIA+, buscando estabelecer limites para manifestações que envolvam esses elementos religiosos.
Reações e contexto jurídico
A proposta tem sido alvo de críticas por parte de grupos de defesa dos direitos LGBTQIA+, que veem na medida uma tentativa de restringir a liberdade de expressão artística e a diversidade cultural nas manifestações. A Associação Brasileira de LGBTI+ emitiu nota repudiando o projeto, ressaltando que a pluralidade de expressões é essencial para o fortalecimento da comunidade.
Especialistas em Direito Constitucional também alertam para possíveis conflitos com a Constituição Federal, que assegura a liberdade de manifestação religiosa e vedam a censura prévia. Em decisões anteriores, como a do Supremo Tribunal Federal (STF) em 2020, foi reconhecido que proibir o uso de símbolos religiosos pode representar violação desses direitos fundamentais.
Próximos passos e implicações
Atualmente, o projeto aguarda parecer da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) para avaliar sua constitucionalidade. Posteriormente, passará pelas comissões de Direitos Humanos e Finanças, antes de ser submetido à votação em plenário, onde necessita da maioria simples para aprovação.
Além desta proposta, outras iniciativas relacionadas a temas de religião e moralidade também tramitam na Câmara de Curitiba, refletindo um cenário político marcado por debates acalorados sobre diversidade, respeito e limites entre crenças e direitos civis.
Para a comunidade LGBTQIA+ e seus aliados, esta é mais uma batalha para garantir que a diversidade cultural e religiosa seja respeitada em todos os espaços, incluindo manifestações públicas, sem que haja censura ou exclusão.