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Promotor diz que não foi preconceituoso ao sugerir mudança de local da Parada Gay

Na semana passada, uma entrevista do promotor José Carlos de Freitas, do Ministério Público Estadual (MPE), ao jornal Folha de São Paulo gerou polêmica entre ativistas gays: ele teria proposto a mudança da Parada do Orgulho LGBT da avenida Paulista, onde o evento vem sendo realizado desde o início, para o estádio do Morumbi, localizado na zona sul da capital paulista.

Em entrevista ao site A Capa, o promotor de Justiça de Habitação e Urbanismo negou que tenha havido preconceito ao sugerir tal mudança. "A própria CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) e a Polícia Militar já disseram ter dificuldade em trabalhar a operação desses eventos", explicou. "Na verdade, o que sugeri é que houvesse um fracionamento da manifestação, citando o próprio estádio do Morumbi, o autódromo de Interlagos e o sambódromo", acrescentou.

Na proposta do promotor, os eventos paralelos do Orgulho Gay e a própria marcha que ocorre tradicionalmente no domingo do feriado de Corpos Christi seriam realizados em vários locais simultaneamente, evitando assim uma grande aglomeração de público. "O propósito não é confinar a Parada Gay no estádio do Morumbi, mas concentrar 3 milhões de pessoas em uma avenida como a Paulista é inviável", opinou. "Quem pode garantir 100% de segurança?"

À reportagem, José Carlos de Freitas fez questão de deixar claro que a proposta não recai apenas na organização da Parada Gay, mas também em todos os outros eventos de grande porte que acontecem na Paulista, como o réveillon e a Corrida de São Silvestre. No momento, o promotor aguarda um relatório da CET e da Guarda Civil para então se reunir com a organização do evento e discutir possíveis mudanças. "Faço questão de conversar com as partes envolvidas. Nosso objetivo não é proibir nenhum tipo de manifestação", ressaltou o promotor.

Termo de Ajustamento de Conduta
Em 2005, o Ministério Público abriu inquérito para avaliar possíveis novos locais para a realização da Parada Gay de São Paulo. Justamente com a Prefeitura da cidade, o MPE firmou o chamado Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) para garantir a segurança e viabilidade do evento.

Em 2006, o mesmo TAC foi proposto à CUT (Central Única dos Trabalhadores), que costumava comemorar o 1º de maio na Paulista, e também com a Igreja Renascer, que promove a Marcha para Jesus. "Nesse ano, pedimos à Prefeitura que indicasse lugares alternativos, e ela sugeriu a avenida 23 de Maio, que seria inviável por causa dos paredões laterais, que não favorecem uma rota de fuga, e a avenida Tiradentes", disse José Carlos de Freitas.

Ainda segundo o promotor, esse TAC foi substituído por outro em 2007, que sugeria, entre outras coisas, que a manifestação não poderia armar um palco para shows e que os trios elétricos deveriam deixar a avenida Paulista até as 18h. "O propósito do TAC não é proibir, essa não é a função do Ministério Público, mas apenas orientar a Prefeitura, que toma a decisão final", explicou o promotor.

Opinião pessoal
Reiterando que não tem nada contra a Parada Gay, o promotor José Carlos de Freitas disse que a manifestação é "legítima" e deve ser respeitada. "Qualquer pessoa que chama atenção para a igualdade deve ser ouvida. Como promotor, não posso ter uma posição contrária. A defesa de direitos é legítima, por isso um evento como a Parada Gay deve ser prestigiado", afirmou. "Esse é um preceito constitucional."

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