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Vai rabiscar a pele? Saiba os cuidados e as recomendações dermatológicas

Pequenas, grandes, monocromáticas ou coloridas, as tatuagens durante anos não foram vistas com bons olhos. Introduzida no Brasil na década de 60, a tatuagem com aparelho elétrico foi disseminada pela zona boêmia de Santos, entre prostitutas e delinquentes, o que reforçou o estigma de marginalidade. A Igreja Católica também contribuiu com essa visão e chegou a condenar o procedimento como demoníaco alegando que era uma forma de violência contra o corpo. Hoje o estigma diminuiu, as técnicas se sofisticaram e a tatuagem se tornou uma arte sobre a pele admirada mundo afora.

Quem resolve fazer um desenho permanente pensa primeiramente sobre o que tatuar. Ao definir o desenho, o tamanho e as cores, o próximo passo é pensar nos cuidados necessários. Muitos buscam tatuadores profissionais, mas se esquecem de verificar alguns detalhes essenciais para uma boa aplicação da tinta sobre a pele. "Na minha primeira tatuagem tive uma inflamação. Dei preferência para um preço mais barato. Acho que o local (na pele) não foi limpo corretamente", revela o estudante Gustavo Campos, 23 anos, que tatuou uma harpia nas costas.

O tatuador profissional Rodrigo Carvalho, 32 anos, diz que "muitos tatuadores, para economizar dinheiro, compram tintas de baixa qualidade. Essas tintas contêm grandes quantidades de produtos nocivos à saúde, como ferro, mineral e plástico". Para saber se o material utilizado pelo tatuador é seguro, você pode perguntar se o aparelho, as agulhas e os pigmentos estão dentro das especificações da norma RDC 55/08**.
Os tatuadores profissionais tiveram até o dia 8 de fevereiro deste ano para se adequar à nova norma criada em 2008 pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Também é fundamental a higiene da sala onde pretende realizar a tatuagem. Cadeira com revestimento descartável, luvas e máscaras cirúrgicas são obrigatórias.

É importante consultar um dermatologista e verificar se não há alguma disposição para alergias na pele. "Não se recomenda a tatuagem em mucosas, como a boca, por exemplo, pois a tinta não se fixa e o desenho logo perde sua forma. Para pessoas com distúrbios de coagulação do sangue, o procedimento também é contra-indicado, assim como em vigência de doenças ativas da pele, como psoríase, dermatites etc. Deve-se lembrar que tatuar lugares incomuns, como vulva e pênis, não é permitido pela vigilância sanitária brasileira", orienta o Dr. Newton B. Morais**, dermatologista e médico estético.

Cuidados após os rabiscos
Depois de feita a tatuagem, a cicatrização da pele pode levar até 15 dias. Esse é o período de maior cuidado. Alguns tatuadores sugerem utilizar o filme plástico, mas não há consenso. Alguns acreditam que facilita o acúmulo de bactérias e até fungos, mas não deixe de colocar o filme plástico caso use alguma peça de roupa por cima da tatuagem ou na hora de dormir.

Siga à risca as recomendações:
 Lave 3 vezes ao dia com sabonete neutro (Dove, Soapex ou Protex). Nunca esfregue com esponja, muito menos com toalha na hora de secar.

 Passe uma camada fina de pomada que promova a renovação da pele com componente B5 e lanolina.

 Evite coçar ou arrancar a casquinha que se forma.

 Evite atividades físicas que possam causar suor.

 Não exponha sua tatuagem ao sol. Caso contrário, utilize a cada 2 horas protetor solar fator 30 ou 50.

 Evite alimentos gordurosos, carne de porco, frutos do mar, comidas japonesas, pimentas e chocolate.

Arrependimento
Carregadas de simbologia, as tatuagens são marcas permanentes na pele e, quando mal planejadas, podem se tornar um incômodo com o tempo. É possível fazer a remoção através de tratamento a laser, porém, dependendo da pigmentação e da profundeza da tinta na pele, alguns resquícios podem permanecer. Escolha muito bem o desenho e siga as recomendações de um profissional. A princípio, a tatuagem é para a vida toda.

* Matéria originalmente publicada na edição nº 37 da revista A Capa.
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www.anvisa.gov.br
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www.drnewtonmorais.com.br

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