Município ignora pedido de visibilidade LGBTQIA+, reforçando retrocesso e conservadorismo na região
Mais uma vez, a Câmara Municipal de Viseu negou o hastear da bandeira LGBTQIA+ no edifício oficial para marcar o Dia Internacional contra a Homofobia, Transfobia e Bifobia, celebrado em 17 de maio. A Plataforma Já Marchavas, que luta pela visibilidade e direitos da comunidade queer na região, tem feito apelos anuais para que o município reconheça essa data e também o Dia do Orgulho LGBTQIA+ em 28 de junho, mas todos os pedidos foram recusados.
Em edições anteriores, a justificativa oficial girava em torno de “questões protocolares” e “técnicas” para negar o ato simbólico. Em 2025, porém, o argumento mudou: a Câmara alegou que o hastear da bandeira no Teatro Viriato no dia 17 de maio seria suficiente. A Plataforma Já Marchavas, que mantém boas relações com o teatro local, rejeita veementemente essa ideia, ressaltando que o símbolo do arco-íris deve estar na fachada da Câmara para ter a força política e oficial que o momento exige.
O poder da simbologia e o silêncio da Câmara
Embora o hastear da bandeira seja um gesto simbólico, ele carrega um peso enorme na luta por inclusão, respeito e visibilidade. A recusa da Câmara Municipal de Viseu em aderir a esse gesto público é uma demonstração clara de falta de vontade política em promover políticas públicas que defendam os direitos da população LGBTQIA+. Ao ignorar essa demanda, o município assume uma postura de neutralidade que, na prática, se traduz em indiferença e passividade diante da luta por igualdade.
Contexto regional e nacional: um caminho a percorrer
A Plataforma Já Marchavas também estendeu o apelo para que todos os municípios do distrito de Viseu e suas freguesias hasteiem a bandeira, mas até o momento não houve nenhuma resposta positiva. Essa situação expõe o conservadorismo arraigado na região e o desafio que representa avançar com políticas inclusivas e de diversidade.
Em contrapartida, mais de 25 municípios portugueses já reconhecem oficialmente a importância da bandeira LGBTQIA+, entre eles Lisboa, Porto, Coimbra e Matosinhos, além de instituições públicas como a Assembleia da República e a Universidade de Coimbra.
A importância da visibilidade e do combate ao retrocesso
Em tempos marcados por ameaças aos direitos conquistados, com avanços de discursos reacionários e fascistas em países como EUA, Itália, Hungria e Polônia, a visibilidade e a luta por direitos LGBTQIA+ em Portugal precisam ser reafirmadas com vigor. Atos simbólicos como o hastear da bandeira nas sedes municipais são fundamentais para fortalecer a comunidade e garantir segurança e dignidade.
A Plataforma Já Marchavas tem levado essa bandeira para as ruas de Viseu através das Marchas do Orgulho, promovendo debate, respeito e conscientização contra a discriminação.
É urgente que o município de Viseu assuma seu papel na defesa dos direitos humanos, garantindo que a comunidade queer local tenha o reconhecimento, o respeito e a visibilidade que merece. Afinal, a democracia só é plena quando inclui todas as pessoas, respeitando suas identidades e garantindo sua segurança.