O arcebispo de Bolonha, na Itália, não foi escolhido ao acaso para ocupar esse cargo. Braço direito do Papa Bento 16, Carlo Cafarra, 52 anos, é um dos mais influentes e ativos guerreiros católicos na cruzada contra a evolução da sociedade. Apesar de contar com o apoio do primeiro-ministro Romano Prodi, o projeto que autoriza uniões civis na Itália, incluindo entre casais gays, sofre forte resistência da ala conservadora, aliada aos dogmas cristãos. De acordo com o cardeal, que considera o projeto de lei “devastador para a família”, o Estado deveria ignorar o assunto. “É possível proteger os direitos dos indivíduos sem para isso criar uma instituição como a proposta”, disse Carlo. Deputado pela União Democrata Cristã, Gian Luca Galetti considera que, “para os casais heterossexuais, é possível resolver os problemas que o projeto pretende enfrentar com algumas modificações cosméticas no código civil”. O problema maior está, segundo o deputado, com os gays. Apenas um em cada três italianos concorda com as uniões homo afetivas. Entre os que se declaram católicos praticantes, a proporção cai a 7%. “A igreja age constantemente contra o movimento gay”, acredita Maurizio Cecconi, representante da Cassero, a mais antiga das organizações de homossexuais da Itália. Mesmo com o poderio político dos católicos, Maurizio mostra-se otimista: “A lei que será aprovada, mesmo que dentro de dois anos, será melhor do que a atual”. Em mais esta batalha, o Vaticano adotou a prática da boa vizinhança, destacando os pontos positivos da família tradicional, em lugar de ataques contra as uniões homossexuais. Resta aos militantes da causa gay ficaram atentos e lutar pelo pleno reconhecimento dos direitos GLBT.