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Em cima do muro?

Olá meninas! Meu nome é Marcela Mattos, sou feminista, vegetariana e jornalista, mas já devo logo avisar que nunca escrevi uma coluna antes, muito menos pra falar sobre sexualidade.

No entanto, apesar de complicado, falar sobre sexualidade não só é importante como gostoso também. Não? Claro que não deveria ser complicado, afinal, sexo é uma das poucas coisas que fazem parte da vida de todos os indivíduos, desde a hora que nascemos.

Mas numa sociedade conservadora como a nossa, velar o diálogo sobre sexo não é mais do que uma tentativa – mal sucedida – de reprimir o ato sexual em si. O resultado é uma sociedade onde todos praticam sexo, mas são cheios de pudores pra falar sobre ele.

No campo da diversidade sexual deveria ser diferente, mas não é tanto! Fala-se bastante sobre sexo, sim, mas, infelizmente, também se reproduzem diversos preconceitos e julgamentos.

Para mim, essa complicação de falar sobre a sexualidade vem se esvaindo gradativamente. De um tempo pra cá, tenho sentido mais segurança pra falar sobre minha (bi)sexualidade, não só por sentir que já estou preparada pra enfrentar todas aquelas dificuldades conhecidas por quem já saiu do armário, mas principalmente porque acho que já superei aquele conflito chato que toda bissexual já deve ter sentido.

Pode soar meio clichê, mas a verdade é que bissexuais estão acostumados a enfrentar preconceitos dos dois lados. E eu levei um certo tempo pra entender que não precisava provar pra ninguém que NÃO estou num caminho de transição, essa é a minha orientação sexual e eu estou muito bem com ela, obrigada! Se alguém considera que estou em cima de algum muro, ok, que me deixe em paz em cima dele!

Esse momento de “sair do armário” deveria ser tão natural quanto assumir, por exemplo, que sou vegetariana. Na realidade, para a maior parte dos gays, eu acho que não se trata exatamente de contar a verdade, mas sim de parar de inventar mentiras.

Já com a bissexualidade a coisa complica um pouco, porque se simplesmente deixarmos de esconder os fatos, fatalmente aparecerá alguém pra perguntar: “Afinal, você gosta de meninos ou de meninas?”.

A parte chata da história é que, mesmo tendo que se explicar diversas vezes, volta e meia me encontro numa situação em que parece que vivo duas vidas. Uma das minhas metas ultimamente tem sido fundir essas duas vidas em uma só, e acho que venho tendo algum sucesso.

Espero poder contar um pouco sobre isso nos próximos artigos, e estou aberta a trocar idéias sobre os vários temas que podem surgir acerca da bissexualidade. Quem sabe assim não conseguimos melhorar um pouco esse diálogo que ainda tem cheiro de tabu… Topam? (marcelamattos@gmail.com)

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