Se você pensa que aquele vibradorzinho de pilha que você tem em casa é exclusivo dos tempos modernos e que você é uma privilegiada por ter nascido nesta geração tecnológica, pode baixar a bola, ou melhor o clitóris. O vibrador já existe desde o século XIX e já era utilizado pelas nossas vovós.
O uso da massagem vulvar (vulgo masturbação) como uma terapia para pacientes de “histeria” (que na época era considerada uma neurose exclusiva do sexo feminino) é dos tempos de Hipócrates. Durante o século XIX, foi tomado como um tratamento para disfunções diagnosticadas como a histeria e a neurastenia.
O tratamento não era geralmente considerado como sexual, mas sim como uma terapia inevitável. Logicamente, tal terapia era uma máquina de fazer dinheiro na profissão médica. Mas fazer isso manualmente era um trabalho exaustivo e tedioso: algumas mulheres tinham de ser massageadas por uma hora antes de chegarem ao orgasmo.
Então médicos neurologistas começaram a experimentar a mecanização do processo.
A hidroterapia, que consistia em jogar um jato de água na região reprodutiva da paciente, provou-se efetiva, tornando-se uma moda. Mas ela tinha alguns contras: fazia muita bagunça, era cara e não era portátil.
1880 – Um médico britânico inventou o primeiro vibrador elétrico, um equipamento de tamanho industrial destinado a ficar permanentemente no consultório do médico. Era um grande poupador de trabalho, permitindo muitas pacientes a alcançarem o êxtase em menos de 10 minutos.
Paradoxalmente, enquanto as mulheres eram massageadas até atingirem o orgasmo semana após semana, homens com tendência ao onanismo (vulgo masturbação também) excessivo e secreções noturnas indesejáveis eram diagnosticados com “espermatorréia”. Medidas com cara de tortura eram receitadas para trazê-los de volta à normalidade.
1899 – Homens com sorte suficiente para serem diagnosticados com distúrbios mais indefinidos às vezes eram tratados com massagem vibratória. O lendário naturalista John Muir patenteou o seu próprio vibrador para homens.
1902 – Na virada do século, empreendedores começaram a reconhecer o imenso mercado potencial para vibradores portáteis de uso doméstico. A inovação dos vibradores foi de fato uma grande força por trás da criação de um motor elétrico pequeno. A Hamilton Beach (empresa norte-americana que fabrica até hoje batedeiras e outros utensílios de cozinha), da cidade de Racine, Wiscosin (Estados Unidos), patenteou o seu primeiro vibrador doméstico, fazendo do vibrador o quinto eletrodoméstico a ser introduzido no lar, antes da máquina de costura e muito antes do ferro elétrico.
1917 – Havia mais vibradores do que torradeiras nos lares americanos. Dúzias de patentes foram feitas com novos desenhos entre 1900 e 1940. Manufaturado muito antes da era da obsolência da engenharia, essas máquinas eram construídas para durar. Muitos vibradores dessa época ainda sobrevivem; pelo menos uma dúzia estão na verdade à venda na e-bay no presente momento.
1920 – Filmes pornográficos detonaram o disfarce dos vibradores, revelando-o como o brinquedo sexual que ele era. O mais famoso desse filmes foi The Nuns Story (“A História da Freira” – não confundir com o filme de 1959 com Audrey Hepburn de mesmo nome). Dos anos 50 até os 70, o vibrador tornou-se o que os acadêmicos gostam de chamar uma tecnologia camuflada.
Catálogos de venda pelo correio, cheios de geringonças para o lar, mostravam mulheres com cabelos longos e sedosos relaxando os músculos tensos dos ombros com vibradores em formato de banana. Também populares eram os vibradores disfarçados de kits para unhas, escovas, coçadores-de-costas, e alguns eram desenhados como acessórios para aspiradores de pó. A maioria deles eram aparelhos movidos à pilha e de segunda linha e vinham em cores bregas como abacate, dourado e laranja queimado.
1973 – Betty Dodson iniciou grupos de masturbação para mulheres para aumentar a sua consciência sexual e introduziu-as às maravilhas da Magic Wand da Hitachi, que segundo ela podia acordar o mais sonolento clitóris. Seu livro Sex for One foi traduzido em oito línguas. No mesmo ano, Eves Garden, criou um sex shop para mulheres e abriu suas portas em Nova York.
1999 – Rachel Maines publicou The Technology of Orgasm , uma história provocativa sobre o vibrador. Maines começou estudando sobre costura mas ficou intrigada ao descobrir que as capas de trás das revistas de corte e costura eram cheias de anúncios de vibradores. Além de tratamento para histeria, esses vibradores eram multi-funcionais: eles relaxavam testas tensas, curavam gargantas inflamadas e restauravam a força dos ossos dos braços.
2007 – Um executivo aposentado da indústria petrolífera ganhou uma patente para efetuar uma melhoria nos vibradores e permitir que os usuários atinjam o clímax sem nenhum tipo de esforço. A invenção, que o site http://toysinmotion.com recentemente começou a vender, é um motor especial que é uma espécie de mistura de chave de fenda sem fio com um vibrador convencional. Diferente das máquinas similares no mercado, o inventor anuncia: “Ele empurra e gira, eliminando dessa forma qualquer necessidade de trabalho da usuária”.
Fonte: Slate.com