Era o aniversário dela. Eu sempre fui uma pessoa criativa em questão de presentear: jamais gostei de coisas óbvias, de simplesmente pegar um dinheiro e comprar qualquer coisa que achasse “bonitinha” ou que pensasse ser útil para a pessoa que a recebesse. Eu gosto de colocar meu sentimento, minha própria essência e um significado em absolutamente tudo o que eu faço, não gosto de fazer nada por fazer. Foi por isso que decidi presentear a minha amada, no dia do seu aniversário, com atos ao invés de objetos, premeditando e organizando tudo.
Nos encontramos num barzinho próximo à boate onde eu queria levá-la depois. Ela estava vestindo uma camisa branca, calça jeans e tênis – básica, mas a minha mulher era absolutamente linda em todos os sentidos: bem branquinha, corpo atlético, olhos verdes, cabelos curtos castanho-escuros com mechas douradas. Eu sempre fui mais vaidosa, naquele dia eu estava de calça jeans apertadinha, uma blusinha clara e bem solta que ficava caída meio de lado, deixando um de meus ombros à mostra, bota de salto alto e bico fino, bolsa na mão. Fiz uma maquiagem bonita que fazia um belo contraste com a minha pele incrivelmente branca e deixei soltos meus cabelos cacheados, compridos e avermelhados, emoldurando meu rosto. Éramos um casal que chamava a atenção.
Depois de uma cerveja e um pouco de conversa nesse bar, fomos para a boate que era ali perto. Entramos e logo encontramos alguns conhecidos – e em pouco tempo eu já começava a libertar o meu lado mais sensual enquanto dançava. Dançava ora me agarrando ao corpo dela, levando-a no meu ritmo, ora dançando PARA ela, olhando-a fixamente, ou então de costas, permitindo que ela tivesse uma visão das curvas do meu corpo se acentuando conforme meus movimentos. Peguei um copo com uma dose de vodka e uma lata de energético no bar e, depois de bebermos, enquanto eu dançava novamente de costas para ela, senti em minha nuca o pedaço de gelo que ela guardava dentro da própria boca, que foi escorregando pelas minhas costas enquanto eu dançava.
Uma garota ao nosso lado começou a nos olhar. Adoro chamar a atenção! Essa foi a motivação para que eu subisse no palquinho onde outros clientes dançavam e começasse a dançar ali em cima só para ela, que estava inocentemente tomando sua Smirnoff Ice, como se não houvesse outras centenas de pessoas ali. Logo a puxei para cima do palco também e aí eu me tornei mais insinuante ainda e quanto mais eu percebia as pessoas no chão olhando “o casal” dançar, mais eu caprichava nos meus passos! Ela desceu do palco e me estendeu a mão para me ajudar a descer, logo emendando um puxão que literalmente me jogou na parede mais próxima, me agarrando e me beijando com fome enquanto deslizava a garrafinha gelada pelas minhas costas, enquanto uma garota ao nosso lado dizia: “Nooooooossaaaaaaaa!!!!”
“Vamos embora!”, eu disse. “Para onde a essa hora?”, ela perguntou. Minha única resposta foi: “Vem comigo”.
Saímos da boate, eu chamei um táxi, tirei um papel da carteira e o entreguei ao motorista, dizendo para que ele nos levasse naquele endereço. Era um motel que eu havia escolhido, o taxista nos levou até a garagem do quarto e então subimos. Era um quarto com dois andares: no primeiro ficava o quarto propriamente dito, com a cama e espelhos nas paredes e teto (como eu adoro espelhos!). No andar de cima, havia um espaço com um deck, uma banheira de hidromassagem bem grande, duas espreguiçadeiras e um teto retrátil, que logo acionamos para deixar aquela área sob a luz da linda lua cheia no céu. Coloquei no cd player um cd onde as duas primeiras músicas eram aparentemente “inocentes”. Pedi que ela aguardasse ali em cima, pois a surpresa estava apenas começando.
Eu fui trocar de roupa. Comprei uma lingerie especialmente para aquela ocasião: preta, com corpete, calcinha fio-dental, cinta-liga e meias sete-oitavos. Depois de vestida e arrumada, aguardei a terceira música do cd e subi as escadas, já me movendo no ritmo da música. Cheguei ao andar de cima já completamente absorta na música, dançando para ela, escorregando pelas paredes, abaixando e levantando, rebolando e engatinhando pelo chão, mantendo o máximo possível meus olhos fixos nela, fazendo uma expressão bem safada. Fui tirando peça por peça: primeiro as meias, depois fiz com que ela tirasse o corpete, e então fiquei só de calcinha, rebolando em pé pra ela, que estava sentada na ponta de uma das espreguiçadeiras. Ela se levantou e começou a me beijar intensamente, me fazendo deitar na espreguiçadeira onde continuou a me beijar a boca daquele jeito único dela.
Suas mãos deslizavam pelo meu corpo, tiravam sua camisa e seu top, e abraçadas, pude sentir o calor da sua pele, os seios dela roçando nos meus. Sua boca começou a escorregar da minha boca para o meu pescoço, daí para os meus seios, para a minha barriga e para minha cintura e quadris… Eu já gemia baixinho, apertava e arranhava suas costas e bagunçava seu cabelo, então ela começou a beijar minhas coxas, abrindo um pouco as minhas pernas, sua boca chegou na minha virilha e seu hálito quente se espalhou pelo meu sexo.
Eu sentia sua respiração começando a ofegar, e de repente ela afastou minha calcinha para o lado com um dedo e sua língua quente e úmida invadiu meu sexo já inundado de prazer, me fazendo sentir uma súbita onda de arrepios dos pés à cabeça, acompanhados de um gemido um pouco mais alto. Ela me chupava ao mesmo tempo com fome e delicadeza, com uma intensidade e uma sutileza que só ela sabia me proporcionar. Meus gemidos foram ficando um pouco mais altos e mais freqüentes, meu corpo se ondulava e tremia conforme os movimentos sempre certeiros de sua língua. Eu agarrava com força seus cabelos em sua cabeça entre minhas pernas, abria os olhos e via literalmente estrelas acima de nós. “Isso… vai, assim… assim…” eu pedia gemendo.
Quando eu senti que estava perto de gozar, fiz com que ela olhasse em meus olhos e pedi: “Me fode”. Ela tirou por inteiro a minha calcinha e tocou meu clitóris, fazendo meu corpo arrepiar-se mais uma vez, seus dedos escorregando facilmente pela minha boceta incrivelmente molhada e quente, pulsante de desejo de senti-los dentro de mim. Ela ficou nessa brincadeira e quando eu menos esperava, senti um de seus dedos me penetrando. Nova onda de arrepio e um gemido. Brincou de vai-e-vem por alguns segundos, e enfiou o segundo dedo. Mais um arrepio e um gemido mais alto. Ela não estava com paciência para ficar brincando de tira-e-põe devagarzinho para me deixar querendo mais, ela sabia que naquele momento eu já queria tudo. Começou a me foder com a força e a velocidade exata que me fizeram gemer cada vez mais alto, quase gritar de prazer, desde a primeira vez em que fomos para a cama. Eu gemia, pedia, mandava… “Isso, vai E., me fode assim! Vai, é assim que eu gosto! Hummm, que delícia… vai, gostosa! Me fode vai, mete nessa bocetinha molhada até ela gozar, vaaaiii…”
E ela metia, comia e fodia com gosto… olhava atentamente a própria mão, seus dedos entrando e saindo de mim completamente molhados, e quando seus olhos encontravam os meus, sem que ela dissesse uma palavra, eu lia neles: “Minha puta gostosa, gosta que eu te foda assim, né? Então toma!”. Seu meio-sorriso e seus olhos fixos ora nas próprias mãos, ora nos meus olhos ou no meu corpo me enlouqueciam, me dominavam, possuíam não só o meu corpo, mas também a minha alma. Eu já nem sabia quantos dedos dela estavam dentro de mim, eu só sentia a minha boceta ficando cada vez mais apertada e uma onda de calor e frio ao mesmo tempo subindo pelo meu corpo… “E., vou gozar!”, foi só o que houve tempo de eu dizer antes da grande explosão que me fez gritar por alguns segundos enquanto eu saía do meu próprio corpo e voltava, me contorcendo toda até amolecer completamente sobre aquela espreguiçadeira, com o coração acelerado, o corpo tremendo e meus músculos se contraindo e relaxando involutariamente. Ela gosta de colocar a sua “potência máxima” somente no momento em que estou gozando, o que me garante aproveitamento total da sensação.
Ela queria continuar dali mesmo, mas tinha sido intenso demais e eu precisava de um tempo antes que minha boceta se contraísse tanto que prendesse seus dedos lá dentro – e afinal, ainda tínhamos uma madrugada e uma manhã inteiras. Ela delicadamente os retirou e ficou ali, me olhando e me acariciando, me beijando o corpo e a boca até que meu coração voltasse ao normal. Quando consegui me levantar sem que as pernas estivessem moles, fui até a banheira e a liguei.
Quando olhei para o céu, lá estava a Lua: completamente cheia e branca, entre algumas nuvens e estrelas – o céu fora testemunha do nosso amor. Não somente do ato, mas também do momento sublime onde, com palavras, expressamos nossos sentimentos com tal emoção e sinceridade que lágrimas rolaram de nossos olhos, percorrendo nossos corpos até se confundirem na branca e cremosa espuma que nos envolvia.
Fizemos amor mais algumas vezes durante o tempo que ficamos naquele quarto de motel, mas também conversamos, brincamos, rimos, compartilhamos nossas idéias e planos, tão parecidos. A pior parte foi quando, depois de me trazer em casa, ela teve que voltar para a dela para que só voltássemos a nos ver dali a dois dias. Nós nos queríamos todos os dias, noites, manhãs, tardes – a cada hora, minuto e segundo.
E nós nos conhecíamos há exatos vinte dias. Pelo menos nesta vida.